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31/05/2016 - Campanha de gibis da VIJ/DF arrecada mais de 10 mil exemplares
Os gibis serão destinados aos adolescentes do sistema socioeducativo

 

A campanha de arrecadação de gibis promovida pela Vara da Infância e da Juventude do DF (VIJ/DF), no período de 4 de abril a 20 de maio, foi um sucesso e conseguiu arrecadar em um mês e meio mais de 10 mil exemplares destinados aos adolescentes do sistema socioeducativo. No período, servidores, magistrados e o público externo do TJDFT puderam exercitar a solidariedade, entregando nas diretorias dos fóruns do DF e na sede da Rede Solidária Anjos do Amanhã, programa de voluntariado da VIJ/DF, exemplares com as histórias de Cascão, Chico Bento e outros divertidos personagens.

E para simbolizar o encerramento da campanha, a VIJ-DF recebeu nesta segunda-feira, 30/5, um grupo com 24 alunos do 3º ano do Ensino Fundamental do Colégio Logosófico de Brasília. Eles vieram aprender um pouco sobre a Justiça Infantojuvenil, além de entregar os cerca de 600 gibis arrecadados na escola durante uma campanha interna realizada com os 289 alunos, a partir da sugestão de uma mãe.

A diretora do Colégio, Lúcia Andrade, acredita que a campanha e a visita foram importantes para as crianças exercitarem o desapego, a solidariedade e a cidadania, já que puderam conhecer in loco o funcionamento da Justiça Infantojuvenil. “A escola faz um trabalho de formação de conceitos. Neste ano, estamos trabalhando o conceito “bem”. Essa iniciativa foi uma grande oportunidade de os alunos praticarem o bem para aqueles que estão precisando, no caso os jovens do sistema socioeducativo. Sem contar que é fundamental que eles percebam que existe uma realidade além da que eles vivem”, relata.

Na primeira parte do encontro, os alunos conversaram espontaneamente com o juiz Márcio da Silva Alexandre, titular da Vara Regional de Atos Infracionais da Justiça da Infância e da Juventude, e idealizador da campanha, juntamente com a Coordenadoria da Infância e da Juventude do DF – CIJ/DF e a Rede Solidária. Sentados no chão e bem à vontade, eles iam perguntando de tudo um pouco para o magistrado: “Juiz também comete crime?”; “Adolescente quando fica internado vai para o hospital?”; “Por que o Sr. usa uma capa preta?”; “Criança que faz coisa muita feia pode ser presa?”; entre outras dúvidas típicas da idade.

Com bastante paciência e com uma linguagem adequada ao público infantil, o juiz ia respondendo a todas as indagações com foco no trabalho que realiza diariamente como magistrado da área infracional e que lida com mazelas humanas. “O meu trabalho é como o de um juiz de futebol. Tem sempre os dois lados da partida e da história. Sou obrigado a julgar e a minha decisão sempre vai desagradar alguém. Mas este é o meu papel: decidir e fazer justiça”, assegurou.

Ele também falou sobre o público-alvo da campanha, que são os adolescentes em conflito com a lei, destacando que são pessoas que infelizmente não puderam viver a infância, como muitas crianças podem. “Os gibis marcam a infância de todos nós. A maioria dos nossos adolescentes infratores não vivenciou esse período. A violência que eles praticaram é uma reação ao que sofreram na infância e na adolescência. Por isso, acredito que os gibis podem resgatar, de alguma forma, a infância perdida. É interessante fazer com que eles reflitam um pouco sobre a vida e o mundo sob a ótica da alegria de ler. Normalmente, a gente começa lendo gibis e partimos para outras leituras. Torço para que, daqui a pouco, eles estejam lendo poesias e até escrevendo”, registrou.

Flávia Fonteles, supervisora da Rede Solidária Anjos do Amanhã e uma das organizadoras da campanha, diz que uma ação solidária como essa humaniza o Poder Judiciário e traz a figura do magistrado e da Justiça para mais perto da sociedade. “Nessa ação, as crianças puderam ver e entender como é o trabalho do juiz e vivenciar o dia a dia do funcionamento da Justiça. Sem contar que a doação deles nos ajudou a contabilizar 10.774 gibis”, finalizou.

E as crianças, será que gostaram? Se depender da aluna Isadora Geisel, com certeza. Ela disse que achou muito legal a experiência com o juiz e que a leitura dos gibis a ajuda a conhecer e aprender coisas novas. 

Doações expressivas

 

Durante a campanha, houve doações de colecionadores e outras de valor significativo. Uma delas, feita por Michael Tataira Hillerman, foi entregue com gibis de primeira tiragem de séries no Brasil, fascículos raros, que poderiam ser facilmente vendidos para colecionadores. No mesmo lote, havia uma coleção do Frank Miller, criador de uma das mais famosas edições do Batman, faltando apenas um fascículo, além de gibis de super-heróis e cômicos em vários formatos.

Michael também doou uma coleção completa de quadrinhos japonês do Musashi, exemplares da série Graphic Novel e a primeira edição do Classics Illustrated. Sobre essa expressiva doação, ele disse que, entre vender e ajudar, preferiu ficar com a segunda opção. “Preferi doar por saber que os gibis podem ser úteis aos jovens. Os gibis são um incentivo à leitura. É importante manter a mente ocupada e, quem sabe, alguns deles podem despertar a vocação profissional para o desenho ou a escrita”, assegurou. 

Unidades beneficiadas

Os gibis serão destinados à biblioteca da Unidade de Internação Provisória de São Sebastião – UIPSS e o excedente será distribuído entre as bibliotecas similares nas demais unidades socioeducativas do DF. O objetivo é estimular o hábito da leitura entre os adolescentes do sistema socioeducativo.

A ideia da campanha surgiu em uma reunião entre a assessora administrativa da CIJ/DF, Simone Resende, e o juiz Márcio da Silva Alexandre, que observou o interesse dos adolescentes da UIPSS pelos gibis. A partir daí, decidiram fazer a campanha, que teve todo o apoio da CIJ/DF na execução, bem como no encerramento, com a recepção dos estudantes e a logística de entrega dos exemplares.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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